Um dia busquei a fé em concreto.
Fui à um templo e entre aquelas paredes, com o coração bem escondido, orei e aguardei resposta. Só ouvi murmúrios, lamúrias, gritos e algumas tentativas loucas de espantar o mal das pessoas... mas ora veja bem... não existiria o bem se não existisse o mal.
Hoje sei que a fé é abstrata demais pra ser concreta.
Um dia busquei a fé em papéis.
Peguei uma bíblia e folheei. Com a mente bem direcionada a ler as respostas que eu buscava nesse livro tão sagrado, me concentrei. Descobri então, que há muita coisa subentendida neste livro e que as histórias são direcionadas a quem não tem discernimento suficiente para entender os mistérios mais simples da vida. A Sagrada escritura pode até ter sido ditada por Deus, mas o homem manipula as informações a seu contento interesse. Em muitas áreas a verdade não pode ser esclarecida... principalmente na religião.
Hoje sei que a fé não pode ser lida em papéis.
Um dia busquei a fé em imagens.
Imagens de anjos sofridos nos cemitérios, de santos martirizados e de fisionomia triste, sempre tristes e introspectivos, em orixás e em todas as entidades... sempre tão dispostos a chamar a atenção com suas vestes, vozes e danças. Busquei a fé no cálice e na hóstia imaginando serem realmente o corpo e o sangue de Cristo.
Hoje sei que não se pode encontrar a fé em imagens, porque não existe forma para desenhá-la... e se houvesse forma, não seria de tristeza e agonia, porque onde há fé não deveria haver dor.
Um dia busquei a fé na natureza...
Entendi que todo o mundo funciona em perfeito equilíbrio. Que o nosso corpo é uma máquina perfeita... onde tudo se encaixa com perfeição de detalhes. Temos tudo o que precisamos para viver em harmonia com os nossos irmãos, e quando digo irmãos falo em tudo o que tem vida. Ate mesmo os animais, vegetais, minerais... tudo!
Quando apuramos os sentidos para sentir o barulho do mar, nascer e o por do sol, o vento que derruba as folhas, as plantas que nos servem de alimento... o barulho dos bichinhos, fechar os olhos e sentir o mundo girando devagar, apreciar as noites de lua e as noites de chuva, se sentir parte do Todo...
Parte do Todo...
O Todo que deve ser único em toda a proporção. Onde em toda a parte e dentro de todo sentido, habita a certeza da existência de um espírito de exuberante luz e pureza e que existe uma centelha deste espírito de suma superioridade dentro de cada parte que habite Vida.
Tendo essa certeza de que temos essa igualdade, e de que é dever respeitar até mesmo as pedras, a grama, os cães, a água e tudo o que vive e que encontrei a fé’.
Não busco mais a fe na imperfeição da humanidade... na hipocrisia iminente dos falsos profetas... na ilusão de ser diferente e por isso me considerar salva... e na simplicidade, humildade e amor que encontrei o equilíbrio de acreditar em algo bem maior.

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