quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma historinha de mentirinha que poderia ser de verdade

Era uma vez um rapaz muito machucado pelo mal que a vida lhe causou. Desde jovem idealizou a mulher perfeita, a família perfeita, os amigos perfeitos, o sucesso e esperava muito de todos sem olhar pra dentro de si mesmo. Naturalmente quando esperamos demais de pessoas e não olhamos pra nós mesmos tendemos a nos desiludir e achar que nada vale a pena. Um único fato o manteve com ânimo pra tocar os dias... ele não deixou de sonhar. Pode até ter ficado um pouco descrente, mas sem perder a esperança na melhora.

Acontece que os sonhos são como castelos de areia. A mente vai longe, os olhos se fecham imaginando mil coisas. Pensando que um dia a vida perfeita vai chegar. Esse jovem criou seu mundo de sonhos imaginários deixando o tempo correr.

Ao olhar para o lado, percebeu que seus ídolos eram como estátuas de gesso. Quebravam facilmente. Descobriu que toda e qualquer mudança deve ser tomada individualmente e de dentro pra fora. Viu que se as coisas não estavam tão boas como ele queria, que ele mesmo deveria fazer com que ficassem. Aprendeu que a mulher dos sonhos nem sempre pode ser uma princesa, mas que pode ser aquela menina cheia de defeitos que o amava de coração e que ele deixou partir.

Muitos anos se passaram até que esse aprendizado se concretizasse.

Já com determinada idade onde as pernas começavam a se cansar facilmente, esse rapaz (agora um homem maduro e de cabelos grisalhos) se viu numa casa pequena, humilde, sozinho. Não tinha amigos pois achava que todos eram extremamente injustos, egoístas e incompreensivos. Não tinha uma companheira por idealizar a mulher mais direita do mundo que ele nunca encontrara (antes só do que mal acompanhado, pensava), se aposentou no mesmo emprego que conseguiu aos seus 18 anos e dia após dia se queixa com as paredes do pouco que ganha que mal da pra sobreviver. Jamais conheceu lugares diferentes por achar que era impossível. Jamais freqüentou festas em mansões e barcos por se achar pequeno demais pra isso. Nunca teve o carro que desejava que ele sempre achou o mais lindo, por imaginar que só quem tinha muito dinheiro conseguiria. Vivia reclamando dia após dia da sua sorte e de tudo o que as pessoas não fizeram por ele e do reconhecimento que não teve.

Pobre rapaz... teve tudo na vida e deixou que o tempo levasse... sonhou tanto que se achou incapaz de lutar pelo sonho... poderia fazer toda a diferença na vida de incontáveis pessoas mas se escondeu na sua capa de vítima. Nunca se achou competente o suficiente pra tomar atitudes e por em pratica o que aprendera...

Numa noite linda e de lua cheia, onde todos os namorados trocavam juras de amor, as crianças brincavam nas praças, o calor esquentava os lares de famílias felizes com os problemas que lhe cabiam... nessa noite esse velho rapaz não viu a lua. Deitou-se mais cedo, passou alguns minutos pensando em tudo o que lhe ocorrera. Lamentou-se por ser tarde demais pra fazer diferente, arrependeu-se pelos amigos que deixara partir, pela família que tanto o amava e que ele só fazia criticar, pela bela moça que lhe prometera amor eterno e que sua ira afastara... seu coração foi batendo descompassado, lento e ele nunca mais acordou (pelo menos não naquele corpo). Foi encontrado dois dias depois por vizinhos e enterrado como indigente. Não havia ninguém que chorasse por ele e sentisse a sua falta. Sua passagem por esse mundo não fez a menor diferença pra ninguém que não fosse ele mesmo.

Quando se deu conta do que havia acontecido, sentiu alguém segurar sua mão. Se tratava de sua mãe que o acalmou e explicou que o arrependimento o ajudara a encontrar a luz. Foi conduzido por sua mãe à um tipo de hospital, bem limpo e aconchegante, recebeu todos os cuidados e foi visitado por todos os amigos que deixara de fazer, pelos amores que deixara de viver e pelos parentes que deixara de compreender. Sentiu-se envergonhado. Um desespero que querer voltar e fazer tudo diferente tomou-lhe todo o ser. Pediu muito para que uma nova chance lhe fosse dada e a condição pra isso seria nascer novamente mas com uma marca da vida que levou.

O tempo espiritual é diferente do tempo terreno então não há como prever dias, meses ou anos... importa que a pessoa em questão voltou novamente à vida.

Nasceu numa família muito pobre, teve paralisia infantil e a cadeira de rodas era sua companheira inseparável. Ainda com toda a pobreza, milhares de problemas e sua parcial invalidez, ele foi um exemplo de superação. Nunca se lamentou , diariamente fazia sua mãe sorrir e se orgulhar de ter um filho como ele. Estudou, passou num vestibular, tornou-se um dos maiores químicos do país, foi convidado a dar palestras no exterior, mudou a vida de toda a família, conquistou inúmeros amigos pelo seu bom humor e vontade de viver, casou-se com uma bióloga que conheceu na época de faculdade, viveu extremamente feliz desde o dia do seu nascimento até o dia de sua morte que aconteceu quando já estava nos seus 70 anos e novamente foi levado por um ataque fulminante no coração. No seu enterro eram incontáveis o numero de pessoas que faziam questão de lhe dar o ultimo adeus. Ele se tornou o mais brilhante exemplo de superação do seu bairro, cidade e por que não dizer país?

Voltando ao plano espiritual, sua família e todos os amigos dessa e da vida anterior que haviam desencarnado o receberam com aplausos e muita alegria. Ele voltou à vida terrena outras vezes, como assim deve ser, mas com o propósito de ajudar e evoluir sempre.

Nunca deixe pra amanhã o que pode fazer hoje. Sempre vai haver uma segunda chance, mas por que não fazer do AGORA o melhor momento pra recomeçar?

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