Era um verão, desses com muita chuva, que no centro do Rio de Janeiro um homem vendia seus guarda-chuvas.
Ele saiu de casa contemplando o dia, diferente de muitas pessoas que maldiziam o mal tempo. Deixou sua esposa e filhos dormindo e saiu.
Antes que todos chegassem para mais um dia de trabalho, lá estava ele... na saída do metrô da Cinelândia, oferecendo seus guarda-chuvas.
E pra todo mundo que passava a água era um tormento, um obstáculo, as pessoas expressavam um desconforto latente, e era onde paravam perto do vendedor, sem saber que contribuíam com o sucesso dos filhos daquele homem, com a felicidade da esposa dele...
E com muito bom humor, o vendedor abria seus guarda-chuvas coloridos para as damas, os negros para os cavalheiros, com aquele sorriso molhado, humilde e agradecido.
Ao fim do dia, ele aguardou o momento de menos movimento para tomar o metrô e retornar para casa. Ele se preocupava em não incomodar com suas roupas molhadas, aquelas pessoas que lhe ajudaram a ganhar o dia.
Eram 22:00 quando ele seguiu para casa com os seus 3 guarda-chuvas remanescentes, camisa manchada, chinelos gastos, cabelo por cortar, um brilho impar nos olhos cansados. Uma alma lavada pelo céu, onde era possível ler as palavras nobreza, dignidade e resignação.

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