Não é loucura viver o que é breve e intenso.
Temos uma sociedade ditando regras baseadas em uma religião com fundamentos perdidos e a grande verdade é que não existe verdade alguma.
Contamos apenas histórias. Algumas socialmente aceitáveis e outras totalmente abomináveis, mas todas escritas com mãos falhas demais para que ocorram críticas.
Temos retalhos de vida que costuramos desde o dia que nascemos, e de retalho em retalho (ora mais belos, ora mal acabados) é que aos poucos vamos tecendo o manto que acolherá nosso último suspiro.
Posso dizer que meus retalhos são breves, mas cheios de vida, paixão, entrega intensa e nenhum desses pedacinhos me envergonha e tampouco sou saudosa desse passado que me segurou as mãos e me fez mulher.
Tudo o que é antigo fica guardado nos pedacinhos de pano da lembrança, que muito de vez em quando damos uma sacudida para tirar o pó.
O que realmente faz diferença é que todo dia uma nova história é escrita.. e toda boa história soa cômica, passional e insana aos olhos dos espectadores. Deve haver capítulos com sorrisos, dores, incômodos, felicidade que chega a doer, momentos de calma e raiva e pode ter um final ou talvez não.
É um tanto quanto triste observar pessoas escondidas em cascas de hipocrisia tradicionalista apontando falhas nesta ou naquela pessoa.
Quanto tempo é perdido em considerações acerca das pessoas ao redor??
Quantos sonhos são jogados fora por medo de tentar??
Nestes últimos dias duas situações me estimularam a traçar conclusões.
A primeira questão é sobre a minha alienação à atualidades. Vivo facilmente sem TV, jornais e rádio. O que acontece no mundo não me soa importante. Nada me prende mais a atenção do que o mar, uma boa companhia, música, dança, livros e tudo isso pode até ser atual, mas tradicional o bastante para ser mágico e acalmar a fome de fazer o que parece impossível acontecer.
Há muito tempo numa conversa sobre planos para o futuro, ouvi alguém me dizer..."você fala como se fosse fácil ter uma casa, um carro, viajar... tem gente que trabalha a vida inteira e não consegue". Na ocasião (como eu tinha só os planos e nem sabia como transformá-los), eu preferi me calar. Nem sempre discutir é a solução. Não tenho sequer 30 anos e consegui além do planejado... e hoje acredito em outras coisas que aos poucos vou dando forma.
Em conclusão, penso que tenho que dar um pouco de atenção as atualidades, mas que viver de magia e sonho não pode ser ruim.
A segunda questão que me chamou atenção e pôs meus pés um pouco no chão foi sobre os meus retalhos... e nesse caso o cheiro de álbum de fotografias antigas me causou uns devaneios.
Quando alguém muito querido coloca em pauta a sua integridade com base em suposições e preconceitos, acaba desequilibrando um pouco todo o conceito de certo e errado. Dai volto ao fato de que existe um conceito diferenciado de certo e errado para cada pessoa e deve haver uma adequação quando duas pessoas desejam caminhar juntas.
Posso ter tecidos um pouco manchados, um pouco sem forma, meio desalinhados e sem nenhuma combinação... Mas todo dia existe a opção de comprar tecidos novos, mais coloridos e bem costurados. Cosendo uns nos outros a intenção e melhorar sempre... Ponto a ponto.
Fechando esses conceitos estranhamente desalinhados, penso que sempre vale sonhar, acreditar na própria vida, não ter medo de se jogar, tecer um manto com cenas diferentes demais, vivas demais, porque será assim que será lembrado. E ter memórias de alegria e intensidade é muito mais atrativo do que deixar de usar linhas que brilham por medo de ofuscar a costura dos outros.

Nenhum comentário:
Postar um comentário